sexta-feira, 16 de novembro de 2007

A encarnação de seus desejos mais escuros - pt. 1

O Sol abandona aquela cidade como se fosse a última vez que a iluminaria. Se esconde por trás das colinas e deixa que o azul escuro da noite comece a invadir o local gradativamente, como uma mancha de tinta preta invade o tecido branco, substituindo tudo que é claro e visível pelo enegrecido mistério da escuridão. E foi naquela noite especialmente pouco iluminada pela lua que ele se viu compelido a tornar-se um com o manto de sombras que cobria a cidadezinha de beira de estrada onde nada de interessante parecia acontecer.
Decidido a mudar seu destino, que mais parecia o de perder noites e noites em tédio aparentemente irreversível, abriu a porta de casa e pôs os pés na rua. Atravessou o quintal, enfeitado por um gramado que, naquele momento, tinha uma tonalidade acinzentada, abriu o pequeno portão do cercado de madeira que fazia a volta na casa e andou sem rumo, em direção a nada, como se estivesse sendo levado por uma força magnética desconhecida. Deixou-se levar como se confiasse sua própria vida àquela sensação e, ao fazer isso, deparou-se com ela.
Seus cabelos eram vermelhos como o sangue que agora corria nas veias dele mais rápido e fazia seu coração pulsar aceleradamente. Seus olhos, negros e profundos, pareciam refletir a noite. Algo de perverso se escondia naquele olhar. Ela sorriu com o canto da boca e, com a sensualidade de quem planeja algo malicioso, foi se aproximando dele em passos muito lentos, enfeitiçando-o um pouco mais a cada centímetro que ficava perto. Iluminadas apenas por um poste com uma lâmpada minúscula e fraca, suas formas definiam-se melhor à medida que traziam aquela mulher para junto dele. Agora ele já podia notar seu vestido preto justo, nem ousado demais, tampouco comportado demais. Ficava evidente que as cores azuladas e acinzentadas que a noite trazia não se aplicavam à pele dela, que era dourada e ia contra todas as crendices de que mulheres pálidas são as portadoras do mistério. Esta trazia tanto mistério quanto qualquer moça pálida e o estava deixando sem ar. Havia livrado sua mente de todo e qualquer pensamento que não envolvesse a imagem daquela que via à sua frente. Aquela pela qual, mesmo sabendo que mal conhecia, já sentia que seria capaz de fazer qualquer coisa. Aquela que seria o princípio de seu fim.
Eis que a sensual e misteriosa mulher dos cabelos cor-de-sangue já se encontrara bem à sua frente e olhara em seus olhos mordendo o lábio inferior. Ele, assustado, como se tivesse visto um fantasma, congelou por um breve instante e logo em seguida abandonou naturalmente sua consciência mais uma vez, como o fizera ao colocar os pés para fora da porta de casa. Novamente aquela força magnética se mostrou mais forte e tudo o que ele pôde fazer foi assistir passivamente algo que seu próprio corpo praticava. Sentiu aqueles braços dourados e delicados suavemente sendo envolvidos ao redor de seu pescoço e as mãos finas e pequenas passeando, procurando lugares comuns, tocando a carne e unindo o que há alguns segundos atrás se mostrava separado. Sua boca então encontrou a dela e ele pode sentir uma calma, uma espécie de alívio enebriante que aos poucos foi se transformando em uma sensação negra, desfuncional, vazia, fria. Sentiu algo gelado correndo dentro de suas veias, como se não fosse mais sangue e sim um líquido negro, composto por toda a mágoa e podridão do mundo. Seus olhos ficaram negros e profundos como os dela e se viu compelido a espalhar aquela praga. Era o princípio do fim.

Continua...

3 comentários:

Unknown disse...

baaaaaaaahhhhhhhhhhhh!!!!!!!

quero mais!!!!!

amei,amei,amei!

Alexandre Conrado disse...

Dependendo de como continuar esta história acho que teremos que botar "verificação de idade contra *baixinhos" hehehehe!!

Muito bom o texto!!
;)

* Eu quis dizer "verticalmente prejudicados" hehehe

Anônimo disse...

massa.. stephen king tupiniquim.. uaehuahe.. tá. brincadeira.. ficou legal mesmo.. mas eles chegaram a fazer sexo? =P